terça-feira, 24 de junho de 2008

Insônia.


Sonhos confusos e sexuais. No silêncio das madrugadas, espero o teto escuro do quarto esvanecer, lentamente, as imagens surreais. Diluir visões baseadas no nada, esperar o real sufocar o que não existe apenas com sua concretude. Tolice. Faz tempo que sonhos não me perturbam tanto. Talvez, talvez... a gama caleidoscópica de possibilidades tilintam, pedaços de vidro em asfalto quente, flamejante. Com os olhos acostumados à escuridão, as formas são quase nítidas, distorcidas em sua falta de cor; tudo é cinza, preto e azul. Eu gostaria de abrir as janelas, deixar essas imagens correrem para fora, corcéis desembestados entrando em outros quartos e deflorando sonos alheios, com seus gemidos e fluidos corporais. Não as abro, é claro. Meus edredons pesam duzentos quilos, e estou presa ao calor que morde minhas coxas.
É engraçado como passam as madrugadas. Com meus amigos descorados antevejo uma série de acontecimentos, e todos são tão possíveis quanto etéreos, das duas às cinco da manhã: um período, no mínimo, pulsante. E, no mundo pegajoso composto de bocejos suspirantes, finalmente volto a dormir. Obviamente, o despertador toca em seguida, martelando metalicamente em meus ouvidos os primeiros raios da manhã.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Evolução

O uso escuso, dissimulado. A fome, estanque, imunda, corroboradora de vísceras podres de abortos naturais. Nojo, nojo da baba viscosa e quente, escorrendo lentamente milímetro por milímetro, lasciva, fétida. Aos poucos se torna um, outro, vários no mesmo ser humano, uma figura tão díspare de todo resto que revira as tripas dos ditos normais. Lentamente caminha, trôpego, cada paralelepípedo sorrindo para ele com dentes de escárnio e olhos quebrados. Maldita cidade corriqueira e sobrevivente, pulsante, acumulando pus nas infecções como ele. Poderia ser considerado um objetivo de vida, aquele: expelindo bile negra por todos os poros, evoluir de gangrena a tumor.
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Coisa (nem dá pra chamar de texto) escrita no sick, em uns 9 minutos.




Não gosto de pimbas nem de chuva em Florianópolis.