segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Texto aleatório

As mãos dela escorriam friamente até o chão, e dali para todos os bueiros fétidos das piores partes de cada uma das maiores metrópoles. Se misturavam ao mijo, aos restos de drogas, à porra e a vários tufos de pêlos. As mãos dela escorriam, apalpando cada um desses dejetos, batendo palmas de vez em quando, no ritmo cadenciado do coração dos coléricos. E cada vez mais rápido, aplaudiam, e cada vez mais forte, o sangue era bombeado em suas têmporas. Suas mãos estavam escorrendo, e nada as impedia. Gota a gota fria lá se iam suas unhas, dedos e cutículas. E ela sentia as texturas todas, das pontas das seringas usadas aos infinitos coliformes fecais. Tudo deixando uma intrincada tatuagem no seu cérebro, enquanto lentamente ela deixava de ser alguém (lá se iam, uma por uma, suas muitas impressões digitais). Era o preço a se pagar, por ousar encostar no mundo. Tudo era tão bonito que ela não deixou de sorrir, enquanto o ralo se tingia de vermelho.


(bla bla blá. Eu sei.)